Torcida lança novo brasão e camisa comemorativa

Alexandre Ezaki, Toyokawa (Aichi)

O Grêmio Gaviões da Fiel é a maior torcida organizada do Corinthians e considerada a maior organizada do Brasil. Além da sede oficial, tem mais 10 subsedes, sendo 9 no Brasil e apenas uma fora do país, exatamente aqui no Japão.

E a subsede oficial instalada em terras nipônicas comemorou dia 18 de setembro, 15 anos de existência. Em 2005, aconteceu o Primeiro Encontro dos Gaviões no Japão, em Hamamatsu (Shizuoka), quando o Corinthians enfrentou o Figueirense, no Estádio Orlando Scarpelli. Vitória do Timão, com gol de Ratinho.

Desde aquela época, os torcedores se preparavam para realizar uma festa no Japão quando o Corinthians viesse jogar no país, algo que aconteceu somente 7 anos depois.

Disputa do Mundial (Foto: Cedida)

Mas a história começa antes. Em 2002, vários corintianos vieram ao Japão para assistir a Copa do Mundo e trouxeram faixas e materiais da torcida. ¨Criamos o movimento Fiel Japão. A gente não podia usar nome da Gaviões sem antes ser reconhecido no Brasil como subsede¨, relembra Ronaldo Ishigaki, o Cural, líder da torcida.

Eles se encontravam para fazer feijoada, assistir aos jogos, falar sobre o time. Esse movimento continuou até 2005, quando finalmente a subsede foi reconhecida oficialmente.

Reconhecimento mundial

Além de reunir os corintianos, a subsede foi criada com o objetivo de ajudar aqueles que viessem, um dia, ver o Timão jogar. Embora muitos não acreditassem nessa possibilidade, isso sempre foi uma realidade vindoura para os torcedores.

¨A subsede daria suporte para quem viesse. Todos sabemos que a primeira vez no Japão é difícil, o país tem regras rígidas, a comunicação é difícil, o custo de vida é alto¨, explica Cural.

Bandeira sempre presente (Foto: Cedida

Na época não havia um líder, mas cada membro tinha sua função. E na atual diretoria, apenas Cural é remanescente. Mas todos ainda se reúnem nas atividades.

A primeira faixa oficial da Gaviões, sem ser a da sede, foi do Japão. ¨Até fizeram reunião no Brasil, porque outras subsedes mais antigas não tinham uma faixa oficial. Mas conseguimos por ser de outro país¨, relembra Cural.

Tanto trabalho, levou rapidamente a Gaviões Japão ao reconhecimento internacional. Até mesmo nos Estados Unidos, onde moram vários corintianos, eles não conseguiram a oficialização.

Cural cita que ¨num dos momentos mais importantes, da escolha do nome do estádio, fomos citados pelo presidente do clube¨.

Ano perfeito

Nos 15 anos de subsede, foram vários momentos marcantes. A pedido do Gaijin News, Cural relembra alguns.

Invasão corintiana nas ruas do Japão (Foto: Cedida)

Para ele e a maioria dos corintianos, 2012 foi ¨o ano¨. O líder da torcida justifica: ¨Neste ano tivemos um sonho realizado, de receber nosso time e nossa torcida aqui no Japão. Ganhamos a Libertadores da América e fomos campeões mundiais. Realizamos o sonho de fazer do Estádio de Yokohama o Pacaembu, e nesse dia o Japão foi pintado de preto e branco. Foi o que todo mundo lembra como a Invasão Corintiana. Além disso, nosso maior rival foi rebaixado para a série B do Brasileirão¨. E completa: ¨Foi o ano perfeito¨.

Segundo Cural, outro ponto alto foi o dia em que integrantes da subsede foram ao Hilton Hotel, em Nagoia (Aichi), onde o Corinthians estava hospedado, para a disputa do Mundial. Eles foram recebidos no quarto do treinador Tite, junto com outros membros da Comissão Técnica e o jogador Edu Gaspar.

Corintianos lotaram o estádio (Foto: Cedida)

Eles entregaram ao técnico uma carta de incentivo, na qual mostravam o esforço de alguns torcedores para estar no Japão. ¨O Tite ficou emocionado. E olhando bem nos nossos olhos, não prometeu vitória, mas raça e vontade de ganhar. Depois que ele disse isso eu já sabia que iríamos ser campeões¨, recorda Cural.

E por fim, Cural fala do treino aberto realizado em Kariya (Aichi), logo que o Corinthians chegou ao país. O treino seria fechado, mas haviam milhares de torcedores a espera dos craques e, após longa negociação, deu tudo certo: ¨Lotamos a arquibancada só com torcedores aqui do Japão mesmo¨, destaca Cural.

Brasão

A subsede ganhou um novo brasão. Criado por Markone, um dos tatuadores mais renomados do Brasil e que também esteve aqui na Invasão Corintiana, o escudo é inspirado nos brasões do estado de São Paulo e da própria Gaviões da Fiel.

Novo brasão da subsede (Foto: Reprodução)

¨Seu Honda¨

A nova camiseta da subsede Japão, além de marcar os 15 anos da torcida, também presta uma homenagem ao ¨seu Honda¨, como era conhecido Noriharu Honda, falecido em abril, aos 75 anos, por ataque cardíaco.

Nova camiseta homenageia ¨seu Honda¨

Em 2013, Honda voltou ao Brasil depois de anos no Japão. E foi lá que ele começou a viver mais no mundo da torcida. Quem conta é o filho dele, Leonardo Honda, 40, morador de Toyohashi (Aichi).

¨Ele ia em todos os jogos, nas festas nas quebradas, participava da Velha Guarda no carnaval. Iam buscar ele em casa para as festas. Todos tinham um carinho muito grande por ele¨.

Seu Honda foi homenageado pela torcida (Foto: Cedida)

Seu Honda se associou à Gaviões aqui no Japão e, quando morreu, a família recebeu mensagens de apoio de pessoas de vários lugares, que conheciam o corintiano alegre que foi seu Honda.

Leonardo agradece a homenagem na camiseta. ¨É um reconhecimento do pessoal a tudo que meu pai representa. Não pedimos isso, mas achávamos que não seria diferente¨, elogia.

Cural completa: ¨Seu Honda sempre nos ajudou. Todo mundo gosta dele. Ele é um exemplo de Gavião para a gente¨.

Alexandre Ezaki é jornalista formado pela Unesp de Bauru. Adora filmes, séries, músicas e esportes. Como profissional, considera-se um contador de histórias.