O ¨Problema de 2024¨

O ¨Problema de 2024¨

Novo ano fiscal começa com mudanças

 

O Dia da Mentira, comemorado em 1º de abril de cada ano, é um dia dedicado a fazer pegadinhas e espalhar boatos. Mas as notícias que o Gaijin News apresenta agora, são todas reais e causam certa preocupação.

A partir desta segunda-feira, 1º, inicia o novo ano fiscal de 2024 no Japão, com a entrada em vigor do limite de horas extras para motoristas de caminhão, trabalhadores da construção civil e médicos e o aumento de preços de diversos produtos.
Uma série de mudanças vão afetar os consumidores nas áreas de varejo, transporte e serviços médicos.

Aumento de preços

Uma pesquisa da empresa Teikoku Databank mostra que os preços de 2.806 itens vão aumentar em abril, o maior aumento em 6 meses.

Alguns custarão o mesmo, mas o volume será reduzido.

Mais de 2.000 itens são alimentos congelados e outros alimentos processados, incluindo presuntos e salsichas.

Os preços subirão em quase 370 condimentos, como caldos e ketchup, e em cerca de 290 bebidas alcoólicas e outras.

A taxa média de aumento é de cerca de 23%.

Reajuste de preços nos mercados (Pixabay)

De acordo com o Teikoku Databank, os aumentos de preços devem-se principalmente aos custos mais elevados das matérias-primas importadas, ao iene fraco e às taxas de transporte mais elevadas.

A Morinaga & Co aumentará os preços de produtos como Chocolate Ball e Hi-Chew, enquanto a Fujiya aumentará os preços dos produtos Milky e Country Ma’am.

Nippon Ham e Ito Ham aumentarão os preços do presunto, bacon, salsichas e alimentos congelados. Kikkoman também aumentará os preços do ketchup de tomate, molhos e diversos condimentos e especiarias.

Além de alimentos e bebidas, os preços dos produtos de papel também aumentarão. Daio Paper, Oji Nepia e Nippon Paper Crecia vão aumentar os preços de lenços de papel, papel higiênico e outros produtos de papel.

Em outros setores, as empresas de entrega Sagawa Express e Yamato Transport e Sagawa Express aumentarão as taxas de entrega de encomendas.

No setor de logística, estima-se que 34% das cargas não poderão ser transportadas em 2030 diante da possível queda no número de trabalhadores.

Serviços médicos

As mudanças afetam também os serviços médicos.

A partir desta segunda-feira, os médicos terão um limite para horas extras.

Ao abrigo da lei sobre a reforma do estilo de trabalho, implementada em 2019, as horas extras para médicos serão limitadas a 960 horas por ano, enquanto os trabalhadores médicos de emergência podem fazer até 1.860 horas extras por ano.

 

Médicos terão limite de horas (Pixabay)

 

As medidas contra o Coronavírus também mudaram. O pagamento máximo para medicamentos contra a doença foi limitado a ¥9.000, ou cerca de 60 dólares, por cada paciente. Mas o limite terminou em 1 de Abril. Mais pessoas terão agora de pagar mais do seu próprio bolso.

Também a partir deste mês, os hospitais que aceitam pacientes com Coronavírus deixarão de receber subsídios especiais.

Serviços de ônibus reduzidos

Três operadoras de ônibus na cidade de Sapporo e arredores, em Hokkaido, reduziram, a partir de agora, seus serviços de ônibus em um total de mais de 400.

A Nishi-Nippon Railroad antecipou o horário de seu último serviço de ônibus em mais de 30 minutos em 12% de suas rotas na área de Fukuoka, para garantir tempo livre para os motoristas em resposta ao ¨problema de 2024¨. A empresa também reduziu o número de serviços de ônibus em 42 rotas da região.

Por outro lado, o serviço de carona estará disponível sob a gestão de empresas de táxi em áreas com escassez de táxis. O serviço começará em abril por um número limitado de dias, horas e áreas nas províncias de Tóquio, Kanagawa, Aichi e Kyoto.

A partir de maio, se as empresas de táxi assim desejarem, os serviços de carona compartilhada também estarão disponíveis na cidade de Sendai, em partes da província de Saitama, bem como nas áreas de Sapporo, Chiba, Osaka, Kobe, Hiroshima e Fukuoka.

Problema de 2024

A Lei de Normas Trabalhistas foi revisada e a partir de agora limita para o máximo de 960 horas extras anuais para motoristas de caminhão e 720 horas extras anuais para quem trabalha na construção civil.

Em princípio, o limite máximo de horas extras no setor de transportes é de 45 horas por mês e 360 ​​horas por ano.

Embora a medida procure abordar a prática generalizada de excesso de trabalho dos motoristas, a mudança levantou preocupações sobre uma queda na capacidade de entrega de transporte. O déficit logístico, provocado pela nova restrição de horas extras, é conhecido no setor como o ¨Problema de 2024¨.

Restringir o número de horas que os motoristas podem trabalhar pode fazer com que os clientes tenham um serviço de pior qualidade e prazos de entrega mais longos.

Um grupo privado estima que, se não forem tomadas medidas, o limite às horas extraordinárias poderá reduzir a capacidade de transporte em cerca de 35% até 2030.

 

Falta mão-de-obra no setor (Pixabay)

 

O Japão já enfrenta uma escassez de motoristas devido ao envelhecimento da mão de obra, aos baixos salários na indústria e aos horários de trabalho difíceis, enquanto a procura pela entrega de encomendas está aumentando.

De acordo com a agência de pesquisa de crédito Tokyo Shoko Research, 39% das empresas dos setores de logística e construção disseram que teriam de reavaliar os prazos de entrega sob as novas regras.

Por outro lado, as empresas de entrega de encomendas Sagawa Express aumentaram as suas taxas de entrega em cerca de 7%, em média, e a Yamato Transport também aumentou as suas taxas de entrega em cerca de 2%, em média.

Aqueles que trabalham no sector da construção serão limitados a 360 horas anuais, ou 720 horas em casos especiais, enquanto o limite máximo de horas extraordinárias para os trabalhadores da indústria açucareira é inferior a 100 horas por mês.

 

Fontes: NHK, Japan Today e Kyodo News

 

Sobre o autor

Alexandre Ezaki

Alexandre Ezaki é jornalista formado pela Unesp de Bauru. É youtuber e fã de cultura pop. Como profissional, considera-se um contador de histórias reais.

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