Guerra e Coronavírus também contribuem para crise

 

A inflação é um problema não só para o Brasil, mas também para outros países. O aumento do preço de matérias-primas, principalmente, do petróleo, por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia, tem pressionado os preços no mundo.

Além do conflito, a pandemia do Coronavírus na China provocou hiatos de produção, afetando fábricas em vários países, como o Japão.

Esses fatores, somados a questões locais, fizeram com que várias nações registrassem grande variação da inflação.

Em pesquisa divulgada no último dia 15 de setembro, o Brasil ficou em 8° lugar no ranking de países com maior inflação pela consultora McKinsen & Company.

Segundo mostra a consultora, o País tinha uma expectativa de inflação em torno de 5% para 2022. Porém, em junho, esse percentual já havia dobrado, chegando a 10%.

Os países europeus são particularmente afetados. Por exemplo, a inflação na Lituânia está em 15,5% ao ano, quase cinco vezes a taxa esperada.

A Ásia está vendo uma mudança menos severa: a inflação indiana é de cerca de 7%, apenas um pouco acima das projeções; e a Coreia do Sul está em 5%. Na China e no Japão, a inflação permanece com índices baixos.

Lituânia, Estônia, Letônia, República Tcheca, Polônia, Eslováquia e Hungria são os sete países com índices de inflação mais altos que os registrados no Brasil. Outros países da América do Sul, como Chile e Colômbia, aparecem com índices mais baixos.

Reportagem do Japan Today nesta segunda-feira, 19, faz um levantamento do aumento de preços de vários produtos.

A inflação saltou depois que os países saíram dos bloqueios do COVID-19 e disparou desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, com o FMI esperando que os preços ao consumidor subam 8,3% globalmente este ano.

Combustíveis

A invasão da Ucrânia pela Rússia, o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, elevou os preços do petróleo bruto.

O principal contrato internacional, o Brent North Sea, chegou a quase US$ 140 por barril, mas agora caiu para menos de US$ 100.

Os preços na bomba seguiram o exemplo, subindo para mais de dois euros por litro nos países da Zona do Euro e acima de cinco dólares por galão nos Estados Unidos, antes de cair nas últimas semanas.

 

Preço alto dos combustíveis incide sobre outros produtos (Foto: GF – Pixabay)

 

O gás natural também ficou mais caro, especialmente na Europa, onde os preços da eletricidade atingiram níveis recordes na Alemanha e na França.

Os preços da energia subiram 38,3% na Zona do Euro em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado.

Os preços mais altos da energia repercutem em toda a economia, já que afetam os custos de produção e transporte das empresas.

Macarrão e feijão

A guerra elevou os preços dos alimentos porque ela interrompeu as exportações de grãos da Ucrânia, um importante fornecedor de trigo e óleo de girassol para países ao redor do mundo.

Em maio, a Allianz estimou que os preços das massas subiram 19% na Zona do Euro nos 18 meses anteriores.

No Canadá, outro grande exportador de trigo, a embalagem de 500 gramas subiu 60 centavos em julho em relação ao mesmo mês do ano passado, para C$ 3,16, segundo dados oficiais.

Na Tailândia, o preço do macarrão instantâneo, que é controlado pelo Estado, subiu pela primeira vez em 14 anos em agosto, marcando um aumento de 17% para sete bahts (20 centavos de dólar).

O preço da farinha de milho usada para fazer tortilhas no México – um alimento básico usado para tacos e outros pratos – subiu cerca de 13% em relação ao ano passado e contribuiu para a alta inflação de duas décadas.

O feijão, um alimento básico do prato do brasileiro, custou quase 23% mais em agosto do que na mesma época do ano passado.

Carnes

Com os grãos mais caros, a alimentação do gado fica também encarece e os agricultores, por sua vez, aumentaram seus preços.

A carne suína, a mais consumida na China, custou 22% mais em agosto do que no ano passado.

As autoridades chinesas estão considerando explorar suas reservas estratégicas de carne suína pela segunda vez este ano para estabilizar os preços.

Na Argentina, os hambúrgueres de carne moída são populares, pois seus preços são tradicionalmente baixos, mas aumentaram três quartos nos últimos 12 meses.

O país tem atualmente uma das taxas de inflação mais altas do mundo, com 56,4% nos primeiros oito meses do ano.

Na Europa, são os preços do frango que dispararam, pois os agricultores tiveram que enfrentar a gripe aviária, além das pressões de custo. Os preços no atacado subiram um terço em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado.

Cerveja

As cervejarias foram atingidas não apenas pelo aumento dos preços dos grãos, mas também pelas latas de alumínio e garrafas de vidro para suas cervejas.

A Heineken, o segundo maior grupo cervejeiro do mundo, aumentou seus preços em média 8,9% no primeiro semestre deste ano.

De acordo com estimativas da Bloomberg, a AB InBev, a maior cervejaria do mundo cujas cervejas incluem Budweiser e Corona, aumentou seus preços em 8%.

 

Heineken também aumentou os preços (Foto: GF – Pixabay)

 

Na Grã-Bretanha, o custo de uma cerveja subiu acima de quatro libras (US$ 4,6), o preço mais alto desde 1987, segundo o Escritório de Estatísticas Nacionais da Grã-Bretanha.

Jornais

Os preços do papel subiram à medida que a demanda aumentou após o fim dos bloqueios do COVID-19. A impressão de jornais e revistas, por exemplo, é um processo que consome muita energia.

Vários jornais franceses aumentaram os preços no início deste ano, assim como vários jornais britânicos como o Sun, o Times e o Sunday Mail.

Outros reduziram o número de páginas.

Na Europa em geral, os preços dos jornais subiram 6,5% em julho, segundo dados oficiais.

 

Fonte: Japan Today, R7 e UOL Economia