Premiê promete seguir a política de Shinzo Abe

Alexandre Ezaki, Toyokawa (Aichi)

O Japão tem um novo primeiro-ministro. Yoshihide Suga, 71 anos, foi eleito na última quarta-feira, 16, para substituir Shinzo Abe, que renunciou devido a problemas de saúde. O mandato vai até setembro de 2021, quando acabaria o de Abe.

A votação no Parlamento foi tranquila e o resultado já era esperado. Suga recebeu 314 votos na Câmara dos Representantes, de 465 membros, e 142 votos, na Câmara dos Vereadores, com 245 membros.

Suga durante entrevista coletiva (Foto: Reprodução)

Suga é o primeiro-ministro mais velho a assumir o cargo desde Kiichi Miyazawa em 1991. Mas ele não aparenta a idade, o que consegue, segundo contou, fazendo caminhadas de 40 minutos e 100 abdominais todas as manhãs.

Ele assume o cargo num momento em que o país enfrenta uma economia prejudicada pelo novo Coronavírus, enquanto os desafios de longo prazo incluem a queda da taxa de natalidade e o aumento das tensões com os vizinhos asiáticos.

“Durante essa crise nacional, um vácuo político deve ser evitado a todo custo”, disse Suga na primeira entrevista coletiva. “Para que todas as pessoas restaurem a paz em suas vidas, vou continuar e levar adiante as políticas do governo Abe. Reconheço que é uma missão que me foi dada.”

Imperador Naruhito da posse ao novo primeiro-ministro (Foto: Kyodo)

Propostas de governo

Além de enfrentar os danos econômicos causados pelo Coronavírus e estimular o turismo, Suga terá a tarefa de conter a queda da taxa de natalidade do país e melhorar a péssima saúde fiscal.

Ele reafirmou a promessa de tornar o tratamento de fertilidade elegível para ser coberto pelo seguro saúde nacional e de tomar medidas para revitalizar as economias regionais que murcharam junto com o envelhecimento da população.

Também falou do imposto sobre o consumo. Para Suga, ele precisará ser aumentado dos atuais 10 por cento para cobrir os crescentes custos da previdência social, mas não nessa década.

A aliança de segurança do Japão com os Estados Unidos continuará sendo a base de sua política externa, ao mesmo tempo em que vai tentar manter “relações estáveis” com os países vizinhos, incluindo China e Rússia, os quais têm disputas territoriais com Tóquio.

Suga disse que o surto de Covid-19 demonstrou a necessidade de o governo usar a tecnologia digital de forma mais eficiente e que uma nova agência será criada para assumir a liderança da tarefa.

Ele prometeu levar adiante reformas administrativas que, afirmou, estão atrapalhando o governo. O ex-chefe da defesa Taro Kono, visto como um futuro candidato a primeiro-ministro, foi escolhido como ministro responsável por liderar essas reformas.

Novo Gabinete

Mostrando com clareza a ideia de continuidade ao governo de Abe, o Gabinete viu oito membros mantidos no mesmo cargo, incluindo o Ministro das Finanças e Vice-Primeiro-Ministro Taro Aso, o Ministro das Relações Exteriores Toshimitsu Motegi e o Ministro da Revitalização Econômica Yasutoshi Nishimura, que lidera a resposta do governo ao coronavírus.

O ministro da Saúde, Katsunobu Kato, foi escolhido para ocupar o lugar de Suga como secretário-chefe do Gabinete, um cargo importante que atua como coordenador de políticas e porta-voz do governo.

Sete foram transferidos para outras pastas ou retornaram a cargos ministeriais que ocuparam no passado, enquanto cinco receberam seus primeiros cargos no Gabinete, incluindo o ministro da Defesa Nobuo Kishi, irmão mais novo de Abe.

Novo Gabinete do primeiro-ministro (Foto: Kyodo)

A idade média do Gabinete é de 60,4 anos, com o ministro do Meio Ambiente, Shinjiro Koizumi, o único com menos de 50 anos. Há apenas duas mulheres, a ministra dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Seiko Hashimoto e a ministra da Justiça Yoko Kamikawa.

Veja a seguir o novo Gabinete escolhido por Yoshihide Suga.

Primeiro-Ministro

Yoshihide Suga, 71

Vice-Primeiro-Ministro; Ministro das Finanças

Taro Aso, 79

Ministro de Assuntos Internos e Comunicações

Ryota Takeda, 52

Ministra da Justiça

Yoko Kamikawa, 67

Ministro Estrangeiro

Toshimitsu Motegi, 64

Ministro da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia

Koichi Hagiuda, 57

Ministro da Saúde, Trabalho e Bem-Estar

Norihisa Tamura, 55

Ministro da Agricultura, Florestas e Pescas

Kotaro Nogami, 53

Ministro da Economia, Comércio e Indústria

Hiroshi Kajiyama, 64

Ministro de Terras, Infraestruturas, Transportes e Turismo

Kazuyoshi Akaba, 62

Ministro do Meio Ambiente

Shinjiro Koizumi, 39

Ministro da Defesa

Nobuo Kishi, 61

Secretário-chefe do Gabinete ; Ministro encarregado da Questão do Sequestro

Katsunobu Kato, 64

Ministro da Reconstrução

Katsuei Hirasawa, 75

Presidente da Comissão Nacional de Segurança Pública; Ministro encarregado da Gestão de Desastres

Hachiro Okonogi, 55

Ministro para a Promoção do Envolvimento Dinâmico de todos os Cidadãos; Ministro Responsável pela Revitalização Regional; Ministro Encarregado de Medidas para Diminuir a Taxa de Natalidade

Tetsushi Sakamoto, 69

Ministro Encarregado da Revitalização Econômica; Ministro Encarregado de Medidas para a nova pandemia de Coronavírus

Yasutoshi Nishimura, 57

Ministro Encarregado da Reforma Administrativa; Ministro Encarregado da Reforma Regulatória

Taro Kono, 57

Ministra dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio; Ministra responsável pelo Empoderamento da Mulher; Ministra encarregado da Igualdade de Gênero

Seiko Hashimoto, 55

Ministro da Exposição Mundial de 2025 em Osaka; Ministro encarregado da Administração do Consumidor

Shinji Inoue, 50

Ministro responsável pela Reforma Digital; Ministro responsável pela Segurança Social e Sistema de Numeração Fiscal

Takuya Hirai, 62

Membros do novo Gabinete (Montagem: Kyodo)

Fontes: Kyodo, The Japan Times, NHK

Alexandre Ezaki é jornalista formado pela Unesp de Bauru. Adora filmes, séries e músicas. Como profissional, considera-se um contador de histórias.