Em poucos meses ela mudou de vida e hoje está feliz na nova profissão!

Alexandre Ezaki, Toyohashi (Aichi)

A brasileira Natasha Jacomini, de 29 anos, nunca foi de ficar esperando as coisas acontecerem. E quando se deparou com uma postagem no Facebook, viu ali a oportunidade de mudar de vida. Quatro meses depois, ela é a primeira taxista estrangeira da cidade de Toyohashi (Aichi).

Desde o dia 2 de março, ela pode ser vista pelas ruas da cidade, já atendendo a clientela sozinha, sem o apoio de um motorista mais experiente da mesma empresa.

Quem é Natasha Jacomini

Natasha é natural de Santos. É casada com Henrique e mãe de três filhos: Amanda, 12 anos, Gabriel, 9, e Isabella, de 2 anos de idade.

Ela está no Japão há 20 anos, mas teve um começo difícil. Apesar de ter feito curso de língua japonesa antes de vir, quando chegou, entrou na quarta série do primário (shougakkou). ¨Era setembro do ano 2000. Não conhecia ninguém e me sentia um peixe fora d´água. Só comecei a entender melhor em abril do ano seguinte¨, relembra.

Natasha e família (Foto: Arquivo Pessoal)

Foi só no colégio (koukou) em 2006, que a brasileira ¨se libertou¨, como ela mesma disse. Falando mais a língua japonesa e fazendo mais programas com amigos japoneses.

As primeiras experiências no trabalho

Mas Natasha não concluiu o primeiro ano do colégio, porque engravidou e saiu da escola. Em 2008 começou a trabalhar em fábrica, mas veio a crise econômica e perdeu o emprego. Foi o pontapé para voltar a estudar.

Como não havia terminado o primeiro ano, teve que voltar ao início. Mas engravidou novamente e saiu na metade do segundo ano letivo. Para concluir o ensino médio do Brasil, em 2012 ela fez o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).

Antes, em 2011, casou-se oficialmente com Henrique. A partir de 2013 começou a trabalhar no Mac Donalds, fazia arubaito (serviço não-fixo), entrou numa fábrica de autopeças e só saiu em fevereiro de 2017, para o nascimento da caçula. Mas como Natasha não consegue ficar parada, no ano seguinte começou a trabalhar como tradutora (tsuyaku).

Como surgiu a oportunidade de virar taxista

Vários inícios e finais, muita experiência, mas ainda faltava algo. E Natasha viu uma luz quando, em setembro do ano passado, se deparou com uma postagem da Associação Brasileira de Toyohashi (NPO-ABT). no Facebook. Tratava-se do Programa de Apoio ao Trabalho da NPO-ABT e Prefeitura.

Ela decidiu assistir as palestras explicativas e no início do curso eram 9 homens e só ela de mulher. ¨Pensei até em desistir, porque era muita concorrência. Mas tive todo o apoio que precisava e fui em frente¨, confessa Natasha. E fez bem, com um mês de aulas, cinco homens já haviam desistido.

Projeto que mudou a vida de Natasha (Foto: Facebook)

O programa tinha três empresas contratantes, uma de ônibus e duas de táxi. Os participantes podiam assistir aulas às quartas-feiras ou aos sábados, mas a brasileira sempre foi nos dois dias, para reforçar o aprendizado.

Mas foi no Matching, uma espécie de entrevista com as empresas, que ela decidiu por dirigir táxi. Ela diz que na verdade queria ser motorista de ônibus, mas algumas dificuldades a fizeram escolher a outra opção.

Ela destaca: ¨A empresa de táxi me deu todo apoio, se dispôs a me ajudar com um horário mais maleável por causa dos meus filhos¨.

Durante os três meses de curso, ela sempre teve o apoio da ABT e da prefeitura de Toyohashi, inclusive na entrevista com as empresas. Duas semanas depois desse encontro, a resposta positiva. A vaga era dela. ¨Eu fiquei muito feliz. Sou muito ansiosa e apostava muito nesse emprego. Agora posso planejar melhor nossa vida¨, comemora Natasha.

Dai Nishu Menkyo, licença para taxista

Aprovada, Natasha deu início à uma nova fase na realização do sonho. De 14 a 30 de janeiro ela fez o curso na autoescola para conseguir o Dai Nishu Menkyo, a licença para dirigir o táxi.

Ela conta que algumas empresas de táxi financiam a licença para a pessoa quando ela é aprovada na entrevista. ¨No meu caso, como eles financiaram, tenho que cumprir dois anos de contrato¨, explica.

Natasha já está rodando sozinha pela cidade (Foto: Cris Ezaki)

Para mais informações, segue o link da autoescola que ela cursou: https://www.kenji-hamamatsu.com.

Ela passou por aulas teóricas, práticas e simulados, tanto na autoescola quanto na rua, sempre passando de primeira. No dia 3 de fevereiro ela finalizou o curso, entregou a documentação na empresa e já pegou o uniforme de trabalho.

A taxista não sabia, mas quando foi aprovada e começou a estudar na autoescola, ela já havia sido efetivada na empresa, tornando-se uma funcionária efetiva e com todos os direitos de um japonês, como bônus por exemplo.

Até pouco tempo ela conta que não acreditava em tudo que estava passando. Hoje está segura e confiante na empresa que a emprega. ¨É uma conquista muito grande. Nunca foi um sonho dirigir táxi, mas hoje é uma realidade que me surpreendeu¨, revela Natasha.

Ela defende a continuidade do projeto envolvendo a ABT e a prefeitura, que acaba abrindo portas até então inimagináveis.

E finaliza incentivando o estrangeiro (gaikokujin), a buscar aquilo que vai lhe deixar feliz e satisfeito.
¨Vale a pena correr atrás dos seus sonhos. Não desista¨, conclui Natasha.

Com a história de Natasha Jacomini, damos início a uma seção permanente do site Gaijin News: a série ¨Escolhas¨. Vamos trazer reportagens especiais com estrangeiros que, ao escolherem caminhos diferentes, tiveram suas vidas transformadas. E também mudaram a vida de outras pessoas.

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