Dois políticos já anunciaram concorrer à vaga

 

O assunto dominou as manchetes. O primeiro-ministro Yoshihide Suga disse nesta sexta-feira, 3, que não concorrerá nas próximas eleições para a direção do Partido Liberal Democrata. Isso significa que ele está desistindo do cargo e o Japão terá, em breve, um novo líder.

Suga fez o anúncio em uma reunião extraordinária de executivos do LDP. A eleição da liderança do Partido está marcada para 29 de setembro. Ele também indicou que não realizará a remodelação dos cargos executivos que esperava implementar.

¨Eu tinha planejado concorrer, mas lidar com o COVID-19 e a eleição exigiria uma enorme quantidade de energia. Decidi que não havia como fazer as duas coisas, que tinha que escolher¨, disse Suga a repórteres, acrescentando: ¨Decidi me concentrar em medidas de combate ao Coronavírus, para evitar uma propagação posterior do vírus.¨

 

Suga anuncia sua decisão de não concorrer à eleição (Foto: Reprodução TV – NHK)

 

Foi uma decisão inesperada, uma vez que Suga não havia dado nenhuma pista de seu plano de deixar o cargo, depois de apenas um ano no poder. E sugere um possível retorno à instabilidade política para o Japão, que passou por primeiros-ministros regularmente antes do longo mandato do antecessor de Suga, Shinzo Abe.

O secretário-geral do Partido Liberal Democrático (LDP), Toshihiro Nikai, disse estar ¨surpreso¨ com a decisão do primeiro-ministro. ¨É realmente lamentável. Ele fez o seu melhor¨, disse Nikai.

Índice negativo de aprovação

Suga foi diretamente atingido pela resposta de seu governo à pandemia do Coronavírus, com o Japão lutando contra uma quinta onda recorde do vírus, após um início lento da vacinação.

Grande parte do país está atualmente sob Estado de Emergência e Quase Emergência, mas isso tem sido insuficiente para impedir o aumento de casos impulsionados pela variante Delta, mais contagiosa.

O Japão registrou quase 16.000 mortes durante a pandemia.

Esperava-se que Suga tentasse a reeleição como líder do LDP, com a maioria das especulações em torno de apenas quando ele convocaria uma eleição geral. Mas não é isso que vai acontecer.

A eleição deve ser convocada até o final de outubro e realizada no mês seguinte, com o LDP esperando permanecer no poder, mas possivelmente perdendo cadeiras como resultado da impopularidade de Suga.

O índice de aprovação do governo despencou para o mínimo histórico de 31,8%, de acordo com uma pesquisa da agência de notícias Kyodo no mês passado.

E relatórios recentes sobre os planos de remodelação do gabinete, como uma tentativa de remediar sua impopularidade, pareceram insuficientes.

Concorrentes

A disputa pela presidência do Partido ganhou fôlego com o anúncio.

O chefe de política do LDP, Hakubun Shimomura, que desistiu de concorrer nas eleições após ser solicitado por Suga para se concentrar na resposta ao Coronavírus, disse que agora ¨a situação mudou¨ e que consultará outros membros do Partido.

Outros dois concorrentes são o ex-ministro das Relações Exteriores, Fumio Kishida, e a ex-ministra de Assuntos Internos, Sanae Takaichi, mas ela precisará da assinatura de 20 parlamentares do Partido.

 

Dois concorrentes ao cargo (Foto: Reprodução TV – NHK)

 

O anúncio do primeiro-ministro repercutiu na economia japonesa. As ações de Tóquio ampliaram seus ganhos após as notícias, com o Nikkei Stock Average ganhando 524,99 pontos, ou 1,84 por cento, comparando-se com o dia anterior.

E o índice de referência Nikkei ganhou 1,70% após o intervalo para o almoço.

O mercado de ações subiu “com grandes expectativas de que um novo governo implementaria novas medidas econômicas contra a precipitação do Coronavírus”, explicou Maki Sawada, estrategista do Departamento de Conteúdo de Investimento da Nomura Securities Co..

Quem é Suga

Yoshihide Suga, de 72 anos, que serviu como secretário-chefe de gabinete do então primeiro-ministro Shinzo Abe por mais de sete anos, venceu a corrida pela liderança do Partido no ano passado contra Kishida e o ex-ministro da Defesa Shigeru Ishiba. Se tornou primeiro-ministro em 16 de setembro ao suceder Abe, que deixou o cargo por motivos de saúde.

A ascensão de Suga a primeiro-ministro encerrou uma longa carreira política. Ele prometeu suceder as políticas econômicas e diplomáticas de Abe.

A taxa de aprovação de seu gabinete era de mais de 60% na época. No entanto, caiu gradualmente depois de uma série de escândalos envolvendo seu ajudante próximo e seu filho e caiu para o nível mais baixo, de 31,8%, em face da repreensão do público contra a resposta do governo ao Coronavírus.

Filho de um agricultor de morangos e de uma professora, Suga foi criado na zona rural da província de Akita, no norte do Japão. Fez faculdade depois de se mudar para Tóquio, trabalhando em uma fábrica.

Foi eleito para seu primeiro cargo em 1987, como membro da Assembleia Municipal de Yokohama. Ingressou no Parlamento em 1996.

 

 

Fontes: Kyodo News, Japan Today e NHK