Dinheiro será devolvido, mas o sentimento de perda persiste

 

Na noite de sexta-feira, 23, foi realizada no Estádio Olímpico de Tóquio, a abertura oficial das Olimpíadas 2020. Depois das apresentações, as delegações desfilaram com número reduzido de pessoas, a tenista Naomi Osaka acendeu a pira olímpica e uma queima de fogos encerrou o evento. Porém, as arquibancadas estavam vazias. A capital japonesa está sob Estado de Emergência e regras rígidas proíbem espectadores na maioria dos locais de disputa.

Do lado de fora, centenas de pessoas gritavam e aplaudiam a cerimônia. Mas o empresário Kazunori Takishima, que assistia a apresentação pelo telefone, estava em lágrimas. Ele gastou 40 mil dólares em ingressos para os Jogos, mas não poderá assistir nenhuma disputa pessoalmente. Ele disse que congelou quando soube que os Jogos aconteceriam em grande parte sem espectadores e até agora não consegue aceitar que seja real.

“Há uma parte de mim que ainda pensa que talvez eu possa entrar nos locais de alguma forma”, disse o torcedor de 45 anos.

Mesmo zangado com os organizadores e com o governo, por não encontrarem uma maneira de permitir que os espectadores entrem nos locais com segurança, ele comemorou a abertura oficial dos Jogos. ¨Estou aliviado que a cerimônia esteja sendo realizada. Estou tão feliz. Há tantas pessoas que amam as Olimpíadas¨, considerou.

Viciado em Olimpíadas

Nos últimos 15 anos, o empresário japonês compareceu a todos os Jogos Olímpicos de verão e de inverno. Ele havia planejado dar ingressos para funcionários de suas empresas que não haviam comparecido a nenhuma outra Olimpíada. Por isso comprou 197 ingressos, que não poderão ser utilizados.

 

Globo formado por drones (Foto: Reprodução TV)

 

Takishima receberá o dinheiro de volta, mas sente que não há compensação por perder a chance de torcer pelos atletas japoneses que competem em casa. “Os Jogos de Tóquio teriam sido uma oportunidade para eu mostrar como as Olimpíadas são excelentes”, afirmou. “Eu posso dizer todas as palavras, mas essa emoção não pode ser totalmente transmitida. Você tem que ir lá e ver por si mesmo”.

O interesse dele por esportes veio relativamente tarde, depois que participou de uma competição de patinação artística no Japão em 2005. A primeira Olimpíada foi no ano seguinte, nos Jogos de Inverno de Torino 2006. Na oportunidade, foi cumprimentado por estranhos nas arquibancadas depois que a patinadora japonesa Shizuka Arakawa conquistou a medalha de ouro.

A partir de então, ele ficou viciado e viajou o mundo para participar de todas as Olimpíadas que se seguiram. Ele planejava participar de 28 eventos, num total de 134 disputas, que o levaria a quebrar o recorde de 128 confrontos assistidos por outro fã.

¨Enfrento grandes obstáculos no meu trabalho. Nessas horas, digo a mim mesmo que isso não é grande coisa em comparação com as lágrimas derramadas pelos atletas. Eu queria que minha família, amigos e minha equipe experimentassem isso¨, defendeu.

E completou: ¨Sempre fui bem recebido pelos moradores das outras cidades-sede e agora seria a minha vez. Isso é tão triste e mais do que eu posso suportar¨.

 

 

 

Fonte: Japan Today