Ataque é o sétimo em duas semanas

 

A Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos na manhã deste domingo, 9, informaram os governos japonês e sul-coreano, um dia depois de denunciar um exercício militar perto da península coreana envolvendo um porta-aviões dos Estados Unidos por aumentar as tensões regionais.

Os militares sul-coreanos disseram que a Coreia do Norte fez os disparos perto da área de Munchon, na costa leste, com velocidade máxima de Mach 5, ou cinco vezes a velocidade do som.

Os mísseis, disparados às 1h47 e 1h53, caíram fora da zona econômica exclusiva do Japão, depois de viajar cerca de 350 quilômetros a uma altitude máxima de 100 km, segundo autoridades japonesas.

Durante quatro meses, a Coreia do Norte não realizou testes. Porém, desde o final de setembro, o país intensificou os lançamentos num ritmo nunca antes visto. O último teste, o 25º deste ano, ocorreu dias depois que o país lançou um míssil balístico sobre o arquipélago japonês pela primeira vez em cinco anos.

O ministro da Defesa do Japão, Ino Toshiro, disse: ¨A série de atos de Pyongyang ameaça a paz e a segurança do Japão, da região e da comunidade internacional. As ações são absolutamente inaceitáveis¨.

Não houve relatos de danos a aviões ou navios, disse ele, acrescentando que o governo está analisando a possibilidade de os mísseis terem sido lançados de submarinos.

¨Devemos continuar monitorando de perto futuras ações provocativas¨, avaliou o primeiro-ministro Fumio Kishida.

 

Mísseis partiram de Munchon (Arte: NHK)

 

O gabinete presidencial da Coreia do Sul convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional e alertou a Coreia do Norte que a enxurrada de testes poderia isolá-la ainda mais da comunidade internacional e, eventualmente, desestabilizar o regime.

O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul disse que seu principal enviado nuclear, Kim Gunn, teve conversas telefônicas individuais com colegas japoneses e norte-americanos e concordou que os testes de mísseis de Pyongyang, usando exercícios militares de Seul e Washington como pretexto, são intoleráveis.

Com Kim e Sung Kim, representante especial dos EUA para a Coreia do Norte, o Ministério das Relações Exteriores do Japão disse que Takehiro Funakoshi reafirmou sua crença de que a onda de mísseis é uma ameaça séria e iminente à segurança da região e um claro desafio à comunidade internacional.

Exercícios conjuntos

A semana foi tensa no Japão. Como noticiamos aqui no Gaijin News (link aqui), a Coreia do Norte disparou um míssil balístico sobre o Japão pela primeira vez em cinco anos na terça-feira, 4, provocando um alerta para os moradores se protegerem e uma suspensão temporária das operações de trem no norte do Japão.

O governo japonês alertou os cidadãos para se protegerem, pois o míssil parecia ter sobrevoado e passado seu território antes de cair no oceano Pacífico. Não foi usada nenhuma medida de defesa para destruir o míssil, que foi o primeiro a sobrevoar ou passar pelo Japão da Coreia do Norte desde 2017.

Esse míssil percorreu 4.600 km, a maior distância já alcançada por um projétil lançado pela Coreia do Norte, colocando-o ao alcance do território norte-americano de Guam.

Isso levou o porta-aviões norte-americano Ronald Reagan a retornar às águas perto da península para mais exercícios militares com a Coreia do Sul.

Um porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Norte criticou a presença do porta-aviões, descrevendo-o como ¨um evento de impacto negativo consideravelmente grande para a situação regional¨.

O lançamento deste domingo é o sétimo em duas semanas e ocorreu depois que a Coreia do Sul e os Estados Unidos concluíram um exercício naval de dois dias no Mar do Japão no sábado, véspera do 77º aniversário da fundação do governo do Norte.

 

Desfile militar na Coreia do Norte (Foto: Reprodução TV – NHK)

 

O Ronald Reagan também participou de exercícios com a marinha sul-coreana de 26 a 29 de setembro, antes de o Japão ingressar no primeiro exercício antissubmarino em cinco anos envolvendo os três países.

O Comando Indo-Pacífico dos EUA disse que avaliou que o lançamento do míssil no domingo não representa uma ameaça imediata ao território dos EUA ou seus aliados, mas destacou o ¨impacto desestabilizador¨ dos programas de armas ¨ilegais¨ da Coreia do Norte.

O primeiro-ministro japonês instruiu as autoridades a se prepararem para contingências, fazerem o máximo para fornecer rapidamente as informações necessárias ao público e garantir a segurança de aeronaves e navios.

Ainda assim, permanecem os temores de que a Coreia do Norte possa se envolver em ações provocativas adicionais, incluindo seu sétimo teste nuclear, que seria o primeiro desde setembro de 2017.

No mês passado, o líder norte-coreano Kim Jong Un disse que Pyongyang não cederá às sanções econômicas internacionais e prometeu que nunca desistirá das armas nucleares que o país precisa para se defender das ameaças militares dos EUA.

 

Fontes: NHK e Kyodo