Brasileiro vai ficar um mês sem trabalho, devido a paralisação na Subaru

Alexandre Ezaki, Oizumi (Gunma)

Há seis meses, o brasileiro Heiber Okano, 41 anos, mudou-se para a província de Gunma, que fica no noroeste da região de Kanto, em busca de um recomeço de vida. Mas agora, muitos dos planos que fazia terão que ser temporariamente adiados.

Ele mora em Oizumi mas trabalha há cinco meses na empresa automobilística Subaru, em Ota, cidade vizinha. No dia primeiro de abril, foi avisado pela empreiteira que a fábrica ficaria parada por um mês, de 11 de abril até 10 de maio, emendando com o feriado do Golden Week.

¨Antes desse anúncio, havia muita especulação por parte dos funcionários, sobre a possibilidade de paralisação da produção. Mas quando foi confirmado, realmente nos deixou muito preocupados¨, afirma Okano, em entrevista exclusiva ao Gaijin News.

Heiber ficará um mês sem trabalho (Foto: Cedida)

Em comunicado oficial, a Subaru informa que no Japão paralisou as fábricas de Ota e Yajima, além da situada em Indiana, nos Estados Unidos. Somente por aqui, estima-se que deixarão de ser fabricadas 40 mil unidades.

Essa crise gerada pela disseminação do novo Coronavírus, afetou a produção de veículos das montadoras no país, com todas elas anunciando paradas obrigatórias, tanto pela falta de peças, quanto pela queda no consumo.

¨A fábrica inteira parou. Antes, o katcho (chefe da seção) , fez reunião dizendo que a Subaru gostaria de pagar 100% do nosso salário, mas as condições não permitiam. Por isso eles se comprometeram a pagar 60%¨, explica Okano.

Dinheiro reservado

O brasileiro acredita que, se a pessoa não tem dinheiro guardado, a situação tende a ficar mais complicada. Okano já decidiu passar o feriado de Golden Week em casa e está procurando serviço temporário (arubaito), mas nem isso encontra.

Fábrica da Subaru (Foto: Wikimedia Commoms)

Precavido, Okano diz: ¨Este mês nem vou mandar dinheiro para o Brasil. Vou deixar o da passagem reservado, caso aconteça alguma coisa¨.

Natural de Araçatuba, interior do estado de São Paulo, Okano está há 10 anos no Japão. Não estava aqui na crise de 2008, mas acompanhou pelo noticiário. E pelo que está passando, acredita que será mais grave que aquela.

¨Essa crise está sendo muito pior que a de 2008, pelo que estou vendo. Posso dizer que 2020 será um ano que vai entrar para a história como um dos difíceis¨, finaliza Okano.

Alexandre Ezaki é jornalista formado pela Unesp de Bauru. Adora filmes, séries e música. Como profissional, considera-se um contador de histórias.