OMS suspende emergência global do Covid

OMS suspende emergência global do Covid

Anúncio não significa o fim da doença

 

Numa data histórica para a ciência, nesta sexta-feira, 5, a OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou que seus especialistas chegaram à conclusão de que o Covid-19 não representa mais uma ameaça sanitária internacional e que, portanto, a crise está oficialmente declarada como encerrada.

Em pouco mais de três anos, o vírus causou trilhões de dólares em perdas e matou 7 milhões de pessoas, segundos os dados oficiais. Bem abaixo dos cálculos da própria OMS, que apontam que cerca de 20 milhões morreram da doença.

O Brasil foi um dos países mais afetados. Segundo o Ministério da Saúde, foram registradas mais de 37,4 milhões de infecções e 701,4 mil mortes até o dia 26 de abril.

Ao suspender a emergência pela primeira vez em mais de três anos, o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu às pessoas que permaneçam cautelosas com o Coronavírus, enfatizando que ele ainda representa uma ameaça à saúde global.

¨É com grande esperança que declaro o fim do Covid-19 como uma emergência de saúde global¨, disse o presidente da OMS.

 

Presidente da OMS durante o anúncio (Foto: Agência Brasil)

 

Ao mesmo tempo, ele alertou os governos a não serem complacentes, incentivando todos os países afetados a não ¨desmantelar os sistemas que construíram ou enviar a mensagem ao seu povo de que o Covid-19 não é motivo de preocupação¨.

Tedros alertou: ¨Este vírus está aqui para ficar. Ainda está matando e ainda está mudando¨.

A OMS declarou a emergência em 30 de janeiro de 2020.

Pelas regras da agência, não existe uma declaração oficial do final da pandemia. Assim como a Aids, o Covid-19 continuará a ter o status de pandemia. O regulamento sanitário criado pelos governos há quase 20 anos apenas permite que os cientistas anunciem o início de uma emergência global ou seu ponto final.

Michael Ryan, diretor-executivo da OMS, reforçou a mensagem da entidade, confirmando que a emergência acabou. ¨Mas a ameaça não. A batalha não acabou. Provavelmente não haverá um ponto em que a OMS anunciará o fim da pandemia¨, afirmou.

Transição lenta

O painel de especialistas em saúde, que se reúne a cada três meses para assessorar o chefe da OMS, realizou na quinta-feira, 4, sua 15ª reunião desde que a emergência foi declarada.

Didier Houssin, chefe do comitê de Emergência da OMS, indicou que a decisão de encerrar a emergência foi apoiada por 95% dos cientistas do grupo. Segundo ele, três critérios foram estabelecidos para definir se a crise havia sido superada.

Aconselhado pelo painel, Tedros decidiu estabelecer um comitê de revisão para desenvolver recomendações de longo prazo e não vinculativas para os países sobre como gerenciar o COVID-19 de forma contínua.

Maria Van Kerkhove, líder técnica do COVID-19 da OMS, disse que a transição levará algum tempo. ¨Não há essa troca automática entre tudo ligado e tudo desligado¨, destacou.

Desafios

A designação de emergência é o nível mais alto de alerta da OMS associado a um surto de doença, mas cada país é responsável por tomar as medidas apropriadas para gerenciar uma crise de saúde.

 

Brasil teve mais de 700 mil mortes (Foto: Gazeta do Povo)

 

Entre os desafios estão a incerteza sobre a evolução do novo Coronavírus, dificuldades no monitoramento e detecção de novas variantes devido ao declínio na vigilância e no sequenciamento genético e desigualdades no acesso às vacinas, disseram especialistas em saúde da OMS na coletiva de imprensa desta sexta-feira.

Ainda hoje, a cada três minutos, uma pessoa morre pelo Covid-19. ¨Perdemos vidas que não precisavam ter sido perdidas. Precisamos prometer a nossos filhos e netos que não voltaremos a fazer esses erros¨, enfatizou o presidente da organização.

O anúncio da OMS acontece com um ano de atraso, em comparação ao que a entidade esperava. Nos primeiros meses da crise, em 2020, a previsão era de que, até 2022, a pandemia perderia força. Mas, em 2021, a segunda onda da doença foi ainda mais violenta que a primeira. Já as vacinas, produzidas em tempo recorde, levaram meses para serem distribuídas aos países mais pobres.

 

Fontes: Kyodo e UOL

 

 

Sobre o autor

Alexandre Ezaki

Alexandre Ezaki é jornalista formado pela Unesp de Bauru. É youtuber e fã de cultura pop. Como profissional, considera-se um contador de histórias reais.

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