Brasil e Japão concordam em cooperar em clima, alimentação e outras questões

 

Os líderes do Japão e do Brasil confirmaram a importância de construir uma parceria internacional mais ampla para enfrentar os desafios globais, como mudanças climáticas, crises alimentares e construção da paz.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu neste sábado, 20, com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida. O encontro de aproximadamente uma hora ocorreu em Hiroshima, realizado no âmbito da reunião do grupo G7.
O presidente Lula ressaltou a importância da relação entre Brasil e Japão. ¨Brasil e Japão precisam estabelecer uma relação mais produtiva não apenas do ponto de vista comercial, mas também do ponto de vista cultural, político e da ciência e tecnologia¨, disse.

O premiê japonês apontou a importância da atuação do Brasil nas discussões de temas globais complexos. ¨Contamos com a experiência do senhor presidente Lula. Teremos discussões amplas sobre questões como clima, educação, desenvolvimento, paz e estabilidade. Estamos muito dispostos a cooperar com o Brasil¨, declarou Kishida.

Os líderes trocaram opiniões sobre a situação na Ucrânia, bem como questões relativas à China e à Coreia do Norte. Reafirmaram a importância de defender valores básicos como liberdade e democracia e se comprometeram a cooperar para manter e fortalecer a ordem internacional baseada no estado de direito.

Também no âmbito político, os líderes confirmaram que irão coordenar estreitamente a cúpula do Grupo dos 20, que o Brasil presidirá no próximo ano.

E concordaram que o Japão e o Brasil liderarão os esforços para reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os dois países são atualmente membros não permanentes do Conselho.

O Brasil busca formar parceria em ciência, tecnologia e inovação com o Japão. Alguns interesses são as áreas espacial, inteligência artificial, energias renováveis, materiais avançados e pesquisas oceânicas.

Na frente econômica, eles se comprometeram a fortalecer o comércio e o investimento entre seus países.

Na área de energias renováveis, há grande potencial nas áreas de bioetanol, combustível sustentável de aviação (SAF) e hidrogênio de baixo carbono, entre outras, além da redução das emissões na indústria siderúrgica.

 

Lula e Kishida firmaram vários compromissos (Foto: Ricardo Stuckert)

 

Ainda sobre a relação entre os dois países, o presidente Lula ressaltou a influência que o Japão teve no desenvolvimento brasileiro. ¨Desde 1908, muitos japoneses contribuíram para o crescimento do Brasil. Muitos empresários brasileiros investem no Japão¨, destacou o presidente.

O primeiro-ministro Kishida anunciou que o governo do Japão deverá dar início a procedimentos para a isenção de vistos para visitantes brasileiros.

Relação Brasil – Japão

O Japão é um tradicional parceiro do Brasil na Ásia, com o qual há fortes vínculos bilaterais em termos de comércio, investimentos, cooperação técnica, além de históricos laços humanos.

O vínculo humano é aspecto importante das relações do Brasil com o Japão. O Brasil abriga a maior comunidade de descendentes de japoneses fora do Japão, mais de 2 milhões de pessoas. No Japão, vive a quinta maior comunidade brasileira no exterior, cerca de 204 mil nacionais e a maioria de origem não asiática.

O Japão teve participação relevante na industrialização brasileira, especialmente nos anos 1960 e 70. Na época, ocorreram expressivos investimentos em mineração, siderurgia, construção naval, setor automotivo, eletrônicos, papel e celulose.

Hoje, o Brasil abriga cerca de 700 empresas japonesas.

Comércio bilateral

O Japão foi o 10º maior parceiro comercial do Brasil em 2022, com um comércio bilateral de US$ 11,9 bilhões de dólares. A pauta brasileira de exportações para o país é composta por milho, minério de ferro, carne de frango, café, alumínio, soja e importa autopeças, compostos químicos, máquinas e equipamentos.

A balança comercial entre Japão e Brasil é bem equilibrada. As importações japonesas somaram US$ 5,3 bilhões em 2002, enquanto as exportações brasileiras chegaram à marca de US$ 6,6 bilhões.

O Japão também tem sido uma das principais fontes de investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil, com estoque de US$ 22,8 bilhões (2021).

Cooperação técnica

Brasil e Japão já desenvolvem uma importante agenda de cooperação técnica desde 1959. Essa relação se dá por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Itamaraty, com a JICA (Japan International Cooperation Agency).

 

 

Um dos primeiros frutos dessa cooperação foi o PRODECER (Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento do Cerrado), criado em 1979 em colaboração com a Embrapa, que materializou o grande potencial agroexportador desse bioma.

Um exemplo de cooperação bilateral científica entre os dois países foi o desenvolvimento do sistema nipo-brasileiro de TV digital, implementado em quase toda a América do Sul e países da América Central, África e Ásia.

Desde 2000, Brasil e Japão desenvolvem um programa de cooperação técnica em prol de diversos países em desenvolvimento. Essa iniciativa contempla áreas tais como TV digital, agricultura e policiamento comunitário

 

 

Fontes: NHK e Secom – Governo do Brasil