Fumio Kishida é confirmado como primeiro-ministro

Fumio Kishida é confirmado como primeiro-ministro

Conheça as propostas do premiê e o novo Gabinete

 

Fumio Kishida, eleito semana passada como presidente do Partido Liberal Democrata (LPD) no lugar de Yoshihide Suga, foi confirmado nesta segunda-feira, 4, como primeiro-ministro do Japão. No mesmo dia nomeou o novo Gabinete, encarregado de manter o COVID-19 sob controle e, ao mesmo tempo, reativar uma economia abalada.

A Dieta convocou uma sessão extraordinária à tarde para escolher o novo premiê. A votação foi uma mera formalidade, já que a coalizão governante do LDP e o parceiro Komeito têm maioria em ambas as câmaras. Kishida recebeu 311 de 458 votos na Câmara dos Representantes e 141 de 241 votos na Câmara dos Conselheiros.

A cerimônia de posse do 100º primeiro-ministro da história do país aconteceu no Palácio Imperial de Tóquio, sob direção do imperador Naruhito.

 

Cerimônia no Palácio Imperial (Foto: Kyodo)

 

Kishida anunciou a eleição para a Câmara dos Representantes, a mais poderosa câmara baixa do Parlamento, para 31 de outubro, antes da primeira quinzena de novembro, como analistas já especulavam.

Previsto anteriormente para ser realizado em 7 ou 14 de novembro, Kishida antecipou as eleições gerais em uma aparente tentativa de capitalizar a boa vontade para com seu governo recém-empossado e um declínio nos casos de COVID-19, que na segunda-feira caíram para menos de 100 em Tóquio pela primeira vez este ano.

A eleição geral será fundamental para evitar um destino semelhante ao de Suga, embora signifique que Kishida não poderá viajar a Roma no final do mês para participar de uma cúpula do Grupo dos 20.

¨Vamos analisar minuciosamente as medidas tomadas até agora e examinar o que se tornou um gargalo para lidar com a crise. Com base nos resultados, fortaleceremos drasticamente as medidas de resposta à crise, como aquelas para conter os movimentos das pessoas em tempos de emergência, e para garantir leitos hospitalares. Também fortaleceremos a capacidade do governo de funcionar como uma torre de controle para o gerenciamento de crises¨, disse o novo primeiro-ministro, na primeira entrevista coletiva.

Gabinete

Kishida ocupou o cargo de ministro das Relações Exteriores por mais anos consecutivos do que qualquer outro na história do pós-guerra.

Dois membros do Gabinete de Suga continuarão com as mesmas funções de Ministro das Relações Exteriores e Ministro da Defesa. E foi criado um novo posto, o de ministro encarregado da Segurança Econômica.

O Gabinete inclui uma série de rostos novos, com 13 de seus 20 membros assumindo um cargo ministerial pela primeira vez. Mas os cargos-chave foram dados àqueles com laços estreitos com o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, sugerindo que não haverá uma mudança radical na política em relação às administrações anteriores.

 

Kishida e membros do Gabinete (Foto: Kyodo)

 

Kishida manteve o ministro das Relações Exteriores, Toshimitsu Motegi, e o ministro da Defesa, Nobuo Kishi, irmão mais novo de Abe, enquanto Shunichi Suzuki foi escalado para substituir Taro Aso como ministro das Finanças, cargo que ocupou por quase nove anos. Hirokazu Matsuno, ex-ministro da Educação, foi nomeado secretário-chefe do Gabinete.

Muitos ministros pertencem a uma das facções do LDP que apoiaram Kishida na corrida pela liderança. Koichi Hagiuda, um aliado próximo do conservador Abe, foi nomeado ministro do Comércio e Indústria, enquanto Daishiro Yamagiwa, membro da facção Aso, foi escolhido para ministro da Política Econômica e Fiscal.

A idade média é relativamente alta, de 61,8 anos, e há apenas três mulheres: a ministra da Vacinação, Noriko Horiuchi; Seiko Noda, a ministra responsável pela Igualdade de Gênero e Políticas Infantis; e a ministra da Reforma Administrativa, Karen Makishima, a mais jovem, com 44 anos.

Takayuki Kobayashi assume um novo cargo com foco na segurança econômica, com a tarefa de redigir medidas para evitar o roubo de propriedade intelectual do exterior.
Política econômica

Com cerca de 60% da população do Japão totalmente vacinada, a tarefa imediata de Kishida é prevenir outro surto de infecções, ao mesmo tempo em que suspende gradualmente as restrições às atividades sociais e comerciais e reabre a terceira maior economia do mundo para viajantes estrangeiros.

¨Quero realizar medidas ousadas em relação ao COVID-19 e um pacote econômico o mais rápido possível¨, disse o primeiro-ministro. ¨Para isso, primeiro as pessoas precisam decidir se estou à altura do trabalho¨.

Promovendo um ¨novo capitalismo¨ que se concentra no crescimento econômico e na redistribuição dos frutos desse sucesso, ele prometeu aumentar a renda da classe média em uma correção de curso da ¨Abenomics¨, que ajudou a elevar os ganhos corporativos e os preços das ações, mas pouco fez para estimular o crescimento dos salários.

Kishida também prometeu elaborar um pacote econômico no valor de ¨dezenas de trilhões de ienes¨ para lidar com a pandemia do Coronavírus e disse que está considerando doar dinheiro para as pessoas atingidas especialmente pelo COVID-19.

 

Outras propostas

 

Na coletiva de imprensa, o premiê abordou várias questões. Com ampla experiência internacional como ministro das Relações Exteriores de 2012 a 2017, Kishida tem seu trabalho marcado por uma série de desafios diplomáticos e de segurança.

 

Kishida quer reconquistar a confiança do povo (Foto: NHK)

 

O impasse de longa data com a Coreia do Norte é sua principal prioridade de relações internacionais. ¨A questão do sequestro é a mais importante. Farei todos os esforços para realizar o retorno de todos os raptados o mais rápido possível. Estou preparado para enfrentar o líder norte-coreano Kim Jong Un sem quaisquer pré-condições¨, afirmou Kishida.

Prometeu trabalhar com os Estados Unidos para realizar uma região “Indo-Pacífico livre e aberta” e defender valores fundamentais como liberdade, democracia e Estado de Direito.

Referindo-se à assertividade da China nos mares do Sul e do Leste da China, Kishida disse que o Japão reagirá contra “as tentativas de mudar o status quo pela força”. Ele também expressou dúvidas de que a China será capaz de cumprir os padrões para aderir ao acordo de livre comércio da Parceria Trans-Pacífico.

Vindo de uma família política de Hiroshima, Kishida prometeu avançar nos esforços para livrar o mundo das armas nucleares, enquanto argumenta que o Japão deveria considerar dar às Forças de Autodefesa a capacidade de realizar ataques com mísseis em bases inimigas hostis.

Não está claro quanta mudança social será realizada sob o novo governo, mas Kishida pediu mais debate sobre a possibilidade de permitir que casais mantenham sobrenomes separados e que está ¨indeciso¨ sobre se o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser legalmente reconhecido.

¨Precisamos combater o Coronavírus para trazer as atividades sociais e comerciais de volta ao normal e construir uma nova economia, um novo modo de vida, uma nova era. Quero trabalhar com as pessoas para atingir esse objetivo¨, afirmou Kishida. ¨Vou reconquistar a confiança do povo, que é a base da democracia¨, completou.

Confira a seguir, o novo Gabinete do primeiro-ministro Fumio Kishida.

 

Novo Gabinete (Arte: Kyodo)
Fontes: NHK e Kyodo

Sobre o autor

Alexandre Ezaki

Alexandre Ezaki é jornalista formado pela Unesp de Bauru. É youtuber e fã de cultura pop. Como profissional, considera-se um contador de histórias reais.

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