Lutador se prepara para voltar ao ringue

 

Quando subiu ao ringue naquela tarde de 20 de setembro, o lutador de kickboxing Alan Vítor Kudo Soares, de 31 anos, só tinha um pensamento: conquistar o K-1 World GP Japan, em disputa na Yokohama Arena. Porém, o caminho de um campeão nem sempre se faz apenas com vitórias. E ele sabe bem como é isso.

Para ser campeão do peso meio-médio, ele precisava ganhar três lutas, mas perdeu logo na primeira, para o japonês Rukiya Anpo, e foi eliminado. Na análise do lutador, faltou equilíbrio. ¨Estava realizando um sonho, mas outros fatores me atrapalharam. Eu não estava bem e não foi o meu dia¨, relembra Alan.

 

Lutadores na pesagem antes do confronto (Foto: Cedida)

 

Experiente, o brasileiro diz que, no ringue, ou ganha-se a luta ou aprende-se com as falhas. ¨E o que aprendi foi a importância de estar 100% nos três eixos: físico, psicológico e mental. Coisas de fora me atrapalharam, como estresse e cobrança. Por isso entrei no ringue, mas não fiz o meu trabalho¨, sentencia.

Nova chance

No dia da luta, Alan fez uma postagem no Facebook, falando do momento que passava e lembrando de todo treinamento para a disputa. Para o Gaijin News, ele confessou o que mais passava pela cabeça: a morte do amigo e treinador Edson Tomo, duas semanas antes de subir ao ringue. O mestre foi mais uma vítima do Coronavírus e acompanhava a carreira de Alan há cerca de 7 anos, com o qual compartilhou o sonho de chegar à elite da luta.

¨Eu dava aulas na academia e, sem perceber, começava a chorar. Tive que ressignificar muita coisa na minha vida, mas isso me desgastou muito¨, afirma Alan, que trabalha na Academia Top-1, em Kani (Gifu), onde faz parte do staff e é professor.

 

Um dos momentos da luta (Foto: Cedida)

 

Ele acredita que quando alguém decide mudar conceitos de vida, muitas provas surgem para testá-lo. E nesse sentido, segundo Alan, ele falhou e precisa se fortalecer.

Apesar de tudo que aconteceu, para ele ficou a sensação benéfica de gratidão. Afinal, chegou onde muitos querem chegar. É lutador e funcionário do K1. ¨Fui derrotado, mas entrei lá. Da minha parte, só falta mostrar o meu trabalho. No início do ano que vem devo retornar ao ringue e representar o Brasil¨, adianta.

Sol

Não é hora de ficar reclamando, mas de focar no futuro. Para isso, Alan viajou ao Brasil no final de outubro para acompanhar o sensei Danilo Zanolini, que fará seminários, palestras e treinamentos por várias cidades.

E Alan vai focar no treinamento. ¨Vou me empenhar para absorver o máximo que puder, trazer todo conhecimento e ficar preparado. Porque a qualquer hora voltarei a lutar¨, planeja o brasileiro.

 

Patrocinadores do atleta (Foto: Cedida)

 

Ele finaliza a entrevista exclusiva ao Gaijin News com uma lista de agradecimentos, pessoas e empresas sem as quais a realização do sonho não seria possível, entre eles a mãe, a família, alunos, membros das academias Top-1 e BR Thai, aos mestres Danilo Zanolini e Batista Yoshimura, e aos patrocinadores, como a J1 Seeds.

¨Com a estreia no K-1 dei apenas um passo pequeno. Agora vou lutar para ficar lá e buscar meu lugar ao sol¨, promete Alan.