Lenda antiga foi até base para campanha do governo
Alexandre Ezaki, Toyokawa (Aichi)
No final do mês de maio, o primeiro-ministro Shinzo Abe retirou o Estado de Emergência que vigorava no Japão. Desde então, as normas de controle para a prevenção do Coronavírus foram abrandadas. Porém, em algumas províncias, os casos de contágio voltaram a aumentar, trazendo mais preocupação para as autoridades e a comunidade.
Nessas horas, vale apelar para qualquer crença. No Japão, uma lenda voltou a cena com a pandemia do Coronavírus: a Amabie, uma criatura meio peixe, meio homem, cuja origem remonta o século 19.
A criatura começou aparecer na mídia japonesa e nas redes sociais no início de março, chegando a ser citada em mais de 30 mil postagens diárias. Vários artistas customizaram a imagem da Amabie segundo seus próprios estilos e a compartilhavam ao lado de mensagens que desejavam o fim do Coronavírus.
Mas ela assumiu relevância mesmo quando o Ministério da Saúde do Japão utilizou a imagem na campanha de segurança pública contra o Coronavírus. Depois disso começou a aparecer em máscaras faciais, doces, pães e artigos diversos.
Lenda
A origem não pode ser comprovada oficialmente, mas conta a lenda que em abril de 1846, a tal criatura fez a primeira e única aparição no mar, na província de Higo, hoje Kumamoto.
De acordo com a história, um funcionário do governo foi à praia para investigar os boatos de que algo brilhante estava sendo avistado todas as noites. Quando ele chegou ao local, a criatura emergiu, se apresentou como ¨Amabie que vive no mar¨ e fez duas previsões.
“Nos próximos seis anos, haverá uma colheita abundante em todo o país, mas também haverá uma epidemia”. Amabie então ordenou ao funcionário: “Desenha uma figura minha e mostre para as pessoas que ficarem doentes e todas serão curadas”. Em seguida desapareceu no mar.
Essa história foi impressa em xilogravura, chamada kawaraban. E foi assim que ela foi disseminada pelo Japão.
Fonte: NHK
Alexandre Ezaki é jornalista formado pela Unesp de Bauru. Adora filmes, séries e música. Como profissional, considera-se um contador de histórias.