A posse de Donald Trump, ocorrida nesta segunda-feira, 20, para um segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, reacende uma série de discussões sobre a economia global, o comércio internacional e o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA).
Com sua política de “America First”, ele promete priorizar os interesses dos norte-americanos, o que pode trazer mudanças significativas para países como o Brasil.
Enquanto setores do mercado financeiro comemoram a expectativa de incentivos para empresas e corte de impostos, especialistas alertam para os desafios que essa abordagem pode gerar para economias emergentes.
Com um perfil nacionalista e protecionista, Trump já demonstrou, em seu primeiro mandato, que pode adotar medidas que afetam diretamente o fluxo comercial global.
Isso levanta a questão: como essa nova fase da presidência norte-americana pode impactar o Brasil e o setor de inteligência artificial?
Economia brasileira: oportunidades e riscos
A política econômica de Trump se baseia na redução de impostos, estímulo à produção interna e medidas para fortalecer a economia dos EUA.
Com isso, a demanda por produtos de países parceiros pode crescer, favorecendo exportações brasileiras, especialmente no setor agrícola e de commodities.
O Brasil tem os Estados Unidos como segundo maior parceiro comercial, atrás apenas da China. Com uma guerra comercial mais intensa entre americanos e chineses, abre-se a possibilidade de que produtos brasileiros conquistem mais espaço no mercado norte-americano.
Isso poderia impulsionar setores como o agronegócio, que já tem forte presença nos EUA.
A força do dólar e a inflação nos EUA
Por outro lado, as políticas protecionistas de Trump tendem a elevar os custos de produção nos Estados Unidos, podendo gerar inflação.
Para conter esse aumento, o Federal Reserve pode subir as taxas de juros, tornando o dólar mais forte. Isso afeta diretamente países como o Brasil:
– Um dólar mais valorizado torna os produtos importados mais caros para os brasileiros.
– O aumento dos juros nos EUA pode reduzir a entrada de investimentos estrangeiros no Brasil.
– A valorização do dólar pode pressionar a inflação interna, dificultando o crescimento econômico.
Especialistas, como Bruno Carazza, da Fundação Dom Cabral, alertam que um fortalecimento excessivo da moeda americana pode prejudicar o Brasil, tornando mais difícil manter a inflação sob controle e garantindo a atração de capital estrangeiro.
Inteligência Artificial: o Brasil no meio da disputa EUA x China
A administração Trump tem reforçado a necessidade de desenvolver tecnologias estratégicas internamente, colocando a Inteligência Artificial no centro de suas políticas de segurança nacional. Em janeiro de 2025, os Estados Unidos divulgaram novas diretrizes para restringir o acesso a tecnologias avançadas, especialmente visando conter o avanço da China.
Essas restrições podem dificultar o acesso de empresas brasileiras a soluções de IA norte-americanas, impactando setores como tecnologia, automação industrial e desenvolvimento de software.
Empresas que dependem de serviços de IA norte-americanos, como Google Cloud AI e OpenAI, podem enfrentar barreiras para utilização de novos modelos de inteligência artificial.
Brasil entre dois gigantes da tecnologia
O Brasil tem uma relação comercial significativa tanto com os Estados Unidos quanto com a China.
Com isso, o país pode acabar no meio da disputa tecnológica entre as duas maiores economias do mundo.
Nuria López, especialista em tecnologia e proteção de dados, explica que, mesmo que o Brasil não seja diretamente mencionado nas novas diretrizes norte-americanas, o impacto será sentido. Isso porque o país precisa equilibrar relações comerciais e diplomáticas para não ser prejudicado pelo endurecimento das políticas de exportação de tecnologia.
As empresas brasileiras terão que buscar alternativas tecnológicas para evitar dependência excessiva de soluções estrangeiras, o que pode aumentar os custos operacionais e tornar o Brasil menos competitivo no setor de inovação.
Desafios e oportunidades para o Brasil
A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos traz um cenário de mudanças profundas na economia global e no setor de tecnologia.
Enquanto algumas áreas do mercado brasileiro podem se beneficiar do novo governo, outras enfrentarão desafios significativos.
Então, o que esperar?
– Exportações podem crescer, principalmente no agronegócio.
– Inflação e alta do dólar podem dificultar investimentos no Brasil.
– Empresas de IA precisarão se adaptar às novas restrições dos EUA.
– O Brasil precisará desenvolver políticas próprias de inovação para manter sua competitividade.
Para enfrentar esse novo cenário, o Brasil deve investir em autonomia tecnológica, parcerias estratégicas e políticas de incentivo à inovação.
Dessa forma, o país pode minimizar os impactos negativos e aproveitar as oportunidades que surgem com o novo governo dos Estados Unidos.